sábado, 11 de julho de 2009

Conto

Pérolla encontrava-se confusa, sentia o frio das algemas que a prendiam ao chão em seus pulsos e tornozelos, se lembrava de ter sido vestida, encapuzada e transportada até aquele lugar onde nem imaginava onde estava , não havia mais o silencio habitual, um murmurar a sua volta, risos altos, música, mas ela ali ao chão sentia o movimento fora de seu casulo negro onde estava totalmente imóvel.
Absorta em seus pensamentos sentiu suas correntes serem afrouxadas em um instante a escuridão dissipou- se, ao abrir os olhos um salão enfeitado com muitas pessoas, a meia luz todos a olhavam, se sentiu sozinha mas no meio de tantos rostos desconhecidos viu finalmente os olhos de seu Dono a encará-la, sabia o que queria, sabia como seu desejo de agradar-lhe gritava em seus poros e no primeiro acorde da música como se mais nada acontecesse a sua volta, apenas ela e aquele homem a quem pertencia estavam ali.
Arrumou o lenço que cobria seu rosto, suas vestes de um vermelho vivo, seda com detalhes em dourado cobriam parcialmente seu corpo, seu traje preferido de dança, buscou o lenço lateral, abaixou-se suavemente com uma perna a frente, com o embalo da música seu corpo como que por um momento transformou-se na melodia suave, ergueu-se sinuosamente como uma fumaça a subir aos céus, seu quadris acompanhou o movimento, seus braços como brisa ao vento circulavam pelo seu corpo, de maneira sutil apenas para alimentar os olhos daquele que era a razão do seu sangue esquentar.
Seu corpo bailava sensual, a seda de seu traje caia-lhe sobre a pele, como que a acariciar-lhe, suas coxas se cruzavam mostrando seus tornozelos enfeitados pelas correntes que restringiam por vezes seus movimentos mais ousados, como uma folha ao vento a música embalava seus rodopios, por vezes suas mãos em singelo embalar erguiam levemente sua saia vermelha transparente expondo suas pernas torneadas e morenas, enchendo os olhos de seu Dono, num movimento repentino se joga ao chão rastejando a rolar pra a esquerda de um instante ergue seu braço direito e como um furacão se ergue num giro e estende sua perna esquerda como que uma borboleta a sair do casulo, suas vestes voam a sua volta como um pássaro com asas.
Num sobressalto ao toque mais profundo da música seu corpo estanca em direção a seu Dono, de olhos fechados imagina ser a mais linda das mulheres um sorriso brota aos lábios e seus olhos se abrem vagarosamente, como a espreitar sua futura visão, seu Dono o encara, sabe que aquele ato pode simplesmente lhe causar muitas dores, mas precisa ver seus olhos a brilharem e esse brilho como a tirar suas forças, faz com que caia ao chão e num momento seguinte que engatinhe calculando cada movimento de circundar com suas curvas até chegar aos seus pés e num gesto de entrega total lhe beije as mãos.
Um som de correntes se ouve a tão almejada proximidade lhe é tirada, suas correntes são puxadas, arrastando-lhe ao ponto inicial, seu cárcere, suas lágrimas escorrem pela face e num ímpeto seus joelhos se curvam e assim suas mãos se ergem num giro simples e leve e caem ao solo ficando assim pérolla entregue de joelhos e mãos ao chão entregando baixo de todas as sedas sua alma Àquele que naquela mesma noite a possuiria de maneira forte e intensa, aquele que naquela noite a manteria algemada e imóvel em suas correntes de maneira a imobilizar-lhe todos os movimentos, que naquela tarde ela fez serem tão sutis a singelos ao gosto de seu Dono.
A noite seu grito foi abafado por uma mordaça ela sentiu quando o ar foi cortado pela chibata, suas lágrimas então rolaram pela dor inusitada que sentira, os olhos Dele brilhavam numa luz vivida, o corpo nu de pérolla se fazia luz na escuridão do quarto, sendo talhado ao gosto de seu algoz, entre suas pernas escorria seu gozo em servir.
Estava possuída inteiramente por ele, nada mais lhe importava a dor de ser totalmente preenchida de maneira bruta e ao mesmo tempo doce, a voz suave a guiava pela estrada do desejo e assim ela foi feliz ao explodir em si o seu mais intenso gozo, vendo seu Dono a lhe dar seu alimento mais precioso o gozo Dele mesmo.

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